Jairo Carioca – da redação de ac24horas
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Rio Branco – Acre
O incêndio que vitimou 231 pessoas e deixou centenas de feridos, na boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, alertou autoridades responsáveis por Segurança Pública em todo o Brasil. No Acre, o Corpo de Bombeiros anunciou na manhã de hoje (28) uma intensificação de fiscalização em todas as casas noturnas, igrejas e outros locais que reúnem grande número de pessoas e que podem provocar situações vulneráveis.
Esclarecendo dúvidas postadas nas redes sociais desde o trágico acontecimento na cidade de Santa Maria, ocorrido no último domingo (27), o Corpo de Bombeiros afirmou que todas as casas noturnas que funcionam na capital estão dentro dos padrões exigidos em lei, mas em entrevista, o tenente coronel Albeci Coelho – especialista em projetos contra incêndios – não se esquivou de dizer que na capital, esses espaços de festas utilizam o mesmo material acústico altamente inflamável e tóxico que agravou o incêndio na boate Kiss.
“Com relação essa legislação nós precisamos avançar”, considerou o especialista.
A legislação que o especialista se refere é a lei estadual 1.137 que dispõe sobre a segurança contra Incêndio e Pânico. A lei é de 1994. Ele também alerta para as situações adversas criadas pelos organizadores de shows que alteram o projeto preventivo inicial como: a superlotação, a falta de sinalização das saídas de emergência e até o treinamento do pessoal que trabalha nas casas noturnas. “O pânico pode ocorrer durante um sinistro como outra coisa qualquer, uma briga ou qualquer situação que exija a saída rápida das pessoas”, declarou.
Albeci Coelho disse que a sociedade precisa mudar a mentalidade. “Eles [os empresários] olham para o serviço de segurança contra incêndio apenas com visão de custos e não como prevenção das pessoas”, acrescentou.
Sem um efetivo suficiente para realizar a fiscalização em todos os ambientes que aglomeram um grande número de pessoas, o Corpo de Bombeiros pede ajuda da população para denunciar qualquer situação vulnerável.
“Às vezes o nosso trabalho não é reconhecido, mas fazemos isso para salvar vidas, o exemplo da boate Kiss prova que tragédias podem acontecer”, concluiu o tenente coronel.
Em entrevista ao acTV24horas, Albeci Coelho dá dicas de seguranças para quem costuma frequentar casas noturnas e até Igrejas, veja a edição de Willamis França.
O outro lado:
O proprietário da Se7 Clube, empresário Wolney, aceitou gravar entrevista por telefone com a reportagem. Ele negou a utilização de material acústico inflamável em seu clube e disse que possui uma das mais modernas boates de todo o Brasil.
“Eu me preocupo com a segurança das pessoas e a minha segurança. Esse material inflamável de acústica é utilizado por casas mais antigas. No clube fizemos a acústica com tinta moderna, contra incêndios. Mantenho meu pessoal treinado e qualificado, com exceção de DJ´s, todos os funcionários fizeram curso de brigada”, disse o empresário.
Ainda de acordo Wolney, o fato no Rio Grande do Sul foi lamentável, “mas não pode atrapalhar o trabalho sério que realizamos aqui”, concluiu.
A reportagem tentou sem sucesso falar com outros proprietários de casas noturnas de Rio Branco.