Em setores sujeitos a extremidades o aumento de renda
não chega necessariamente acompanhado de
serviços como esgotamento sanitário, água tratada,
coleta de lixo e a sonhada energia para todos.
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
Os repasses do Programa Bolsa Família (PBF) em 2012 foram superiores a estimativa do Fundo de Participação do Município (FPM) de Cruzeiro do Sul, administrado pelo prefeito Vagner Sales, do PMDB. Enquanto o governo federal projetou investimentos de R$ 16,1 milhões de FPM, transferiu no mesmo período R$ 18,6 milhões através do Bolsa Família pago a 8,9 mil famílias. Nas 22 cidades do Acre o PBF injetou R$ 131.235.840 milhões. Até o mês de abril deste ano já foram repassados R$ 54,9 milhões aos municípios do Acre.
Ainda de acordo os dados repassados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Cidadania, depois de Rio Branco (23 mil famílias no PBF) Cruzeiro do Sul (8.929), Sena Madureira (5.010), Tarauacá (3.474) e Senador Guiomard (2.298) são as cidades que mais arrecadam com a transferência social. As cinco cidades com maior número de bolsas recebem R$ 79,1 milhões anuais somente do programa de transferência de renda.
Mas é Santa Rosa do Purus com 561 famílias
beneficiadas que tem o maior valor médio repassado pelo programa, um total de R$ 322,54. Já o menor valor médio é apurado em Epitaciolândia, repassando em média R$ 155,39.
O mapa da fome tem maior número de famílias em extrema pobreza na região do Baixo Acre composta por sete cidades. Depois de Rio Branco com 23.746 famílias que recebem o PBF e 39.833 no CADúnico, a cidade de Porto Acre tem o maior número de dependentes: são 2.029 que recebem a transferência de recursos e mais 3.343 cadastradas. Em toda região estão inseridas mais de 32 mil famílias beneficiadas pela transferência de renda do governo federal.
A região do Juruá é a segunda colocada no ranking da pobreza no Acre com 16,2 mil famílias que dependem da transferência social. Cruzeiro do Sul tem 13,3 mil no CADúnico. Mâncio Lima paga o benefício para 2,3 mil residências e tem 3.472 na fila de espera.
O mesmo avanço não é compartilhado pela distribuição de água tratada. O déficit de distribuição de água, por exemplo, tem andado com velocidade bem menor do que a expansão de renda. Em Feijó, a água potável atinge apenas 16,6% dos domicílios das famílias que recebem o Bolsa Família, enquanto que em Porto Walter esse índice é elevado para 83,6%, percentual maior do que a média estadual de 53,4%.
Nas 22 cidades o escoamento sanitário chega através de rede coletora apenas para 13,2% das famílias que recebem o programa federal. Outros 17,3% têm escoamento sanitário em céu aberto. 16,9% têm fossas sépticas e 25,9% possuem fossa rudimentar. Os demais usam outras formas.
A coleta direta de lixo chega para pouco mais de 55,7% das famílias. A sonhada energia elétrica ainda não chegou para todos. Apenas 63,1% tem esse privilégio. 6,9% ainda usam lamparinas e outras formas de energia. 12,3% utiliza energia clandestina.
Como a reportagem já adiantou é nas regiões mais isoladas que os benefícios da presidente Dilma Rousseff de combate à extrema pobreza não chegaram. No Tarauacá/Envira composto por três cidades: Jordão, Tarauacá e Feijó; e na regional do Purus e Baixo Acre compostas por sete cidades: Santa Rosa do Purus, Manuel Urbano, Sena Madureira, Assis Brasil, Brasileia, Xapuri e Epitaciolândia os índices de desenvolvimento são baixíssimos.
Na última reportagem da série: a análise científica sobre o modelo de transferência de recursos para famílias pobres feita pelo governo federal.