Secretária de Alckmin critica governo do Acre por envio de haitianos ao Estado

Um impasse institucional foi criado entre o governo de São Paulo e o do Acre. O foco da critica dos paulistas é o fato do governo acreano enviar para o sudeste de forma “irresponsável” centenas  de haitianos.  A informação consta na reportagem da Folha de São Paulo, publicada nesta quinta-feira, 24.

De acordo com a publicação, a secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, chamou de “irresponsável” a conduta do governo do Acre ao facilitar a vinda de 400 haitianos para São Paulo nos últimos 15 dias. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) reclama que não houve comunicação entre as autoridades acreanas.

“Quero demonstrar a minha preocupação e indignação”, afirmou Eloisa Arruda.

Para ela, existe um risco real dos imigrantes do Haiti serem aliciados para trabalho escravo ou até mesmo pelo tráfico de drogas.

Segundo a reportagem, os imigrantes ficam vagando em situação precária, sem rumo, nas imediações da paroquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, região central da capital paulista.

De acordo com a Folha, como muitos não têm documentação e endereço fixo na cidade, fica praticamente impossível arrumar um emprego formal. Haitianos que estão há mais tempo em São Paulo tentam auxiliar os compatriotas recém-chegados a encontrarem emprego e estadia.

Procurado para dar esclarecimentos, o secretário de Direitos Humanos do Acre,  Nilson Mourão, também da pasta de Justiça e Direitos Humanos, afirma “que não entende a postura do governo paulista”. Segundo ele, há três e anos e meio, mais de 20 mil haitianos chegaram ao Acre.

“Eles não ficam aqui. É apenas uma porta de entrada. A maioria segue viagem rumo ao sul do país”, afirmou Mourão à Folha. “Esse processo não tem nada de novo”, acrescentou.

O secretário afirma que, nos últimos 15 dias, após o fechamento de um abrigo para haitianos na cidade de Brasiléia, perto da Bolívia e do Peru, o governo do Acre ficou obrigado a acelerar a ida dos imigrantes para os seus destinos finais no Brasil.

“Nós chegamos no limite. A cidade de Brasiléia, de 10 mil habitantes, está com 20% da sua população formada por imigrantes”.

Para Mourão, o Estado de São Paulo, “o mais rico da federação”, tem total condições de abrigar os 400 haitianos que acabaram de chegar.

Segundo o governo paulista, o Ministério Público do Trabalho foi acionado e está cadastrando os haitianos que desembarcaram na capital nos últimos dias.

“Existe apenas 100 na Missão Paz. Não sabemos onde está o resto”, disse Eloisa.