O periódico científico norte-americano Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) acredita que faixas da Amazônia podem ter sido pradarias até uma mudança natural ocorrida há cerca de 2.000 anos. O fenômeno pode ter levado à formação da floresta tropical e a morte de populações indígenas que utilizavam a região para agricultura.
A chegada de doenças europeias após Cristóvão Colombo ter cruzado o Atlântico em 1492 também pode ter acelerado o crescimento das florestas. “O ecossistema dominante era mais como a savana do que a floresta tropical que vemos hoje”, disse John Carson, que liderou a pesquisa na Universidade de Reading, na Inglaterra, sobre o sul da Amazônia.
Os cientistas disseram que uma mudança para condições mais úmidas, talvez causada por alterações naturais na órbita da Terra ao redor do Sol levaram ao crescimento de mais árvores a partir de 2.000 anos atrás.
Os profissionais estudaram aterros feitos pelo homem, descobertos recentemente após desmatamento na Bolívia, que incluíam valas de até 1 quilômetro de comprimento e de até 3 metros de profundidade e 4 metros de largura. Lá, eles encontraram grandes quantidades de pólen de grama em sedimentos antigos de lagos próximos, sugerindo que a região era coberta por uma savana. Eles também descobriram evidências de plantações de milho, o que aponta para a agricultura.
Floresta primitiva
A Amazônia tem sido tradicionalmente vista como uma floresta tropical primitiva e densa, povoada por populações caçadoras-coletoras. Nos últimos anos, no entanto, arqueólogos descobriram indicações de que povos indígenas viveram na selva densa, mas conseguiram abrir espaço de terra para agricultura.
O estudo publicado no periódico PNAS sugere uma nova ideia de que a floresta simplesmente não existia em algumas regiões. As “descobertas sugerem que, em vez de ser uma floresta de caçadores-coletores, ou de desmatadores de florestas em grande escala, os povos da Amazônia de 2.500 a 500 anos atrás eram agricultores”, disse a Universidade de Reading em um comunicado.
Carson disse que, talvez, um quinto da bacia da Amazônia, no sul, pode ter sido savana até essas transformações naturais, ao passo que a floresta cobriria o território restante.
Em um lago, o Laguna Granja, plantas de floresta tropical somente teriam tomado o lugar da grama como principais fontes de pólen em sedimentos há cerca de 500 anos, sugerindo uma ligação com a chegada dos europeus.
O propósito dos aterros é desconhecido – eles podem ter sido utilizados para defesa, drenagem ou para propósitos religiosos. A compreensão da floresta pode ajudar a resolver enigmas impostos pelas mudanças climáticas.
A floresta Amazônica afeta a mudança climática porque suas árvores absorvem dióxido de carbono, um gás de efeito estufa, à medida que crescem, e o liberam quando apodrecem ou quando são queimadas. O Brasil tem reduzido os níveis de desmatamento nos últimos anos.