Empresas querem usar dirigíveis para transportar cargas na Amazônia

Os dirigíveis, que viveram sua era de ouro nos anos 1930 transportando passageiros e entraram em desuso após o incêndio do modelo alemão Hindenburg nos Estados Unidos, poderão voltar a ser vistos em breve no céu brasileiro.

Pelo menos essa é a expectativa de empresas que estudam usar aeronaves desse tipo para transportar cargas pela Amazônia.

Elas dizem que os dirigíveis poderiam ajudar a driblar os problemas de infraestrutura que afetam a região, que carece de boas rodovias.

O especialista em logística Augusto Rocha afirma, porém, que eles têm desvantagens com relação a aviões e barcos, como o fato de não voarem a uma velocidade muito alta e o custo elevado da tecnologia.

Torres de energia carregadas pela floresta

Uma das empresas que apostam no modelo é a brasileira Airship, que recentemente fechou seu primeiro contrato.

A empresa vai produzir dirigíveis para a Eletronorte transportar torres de transmissão, equipamentos e funcionários até a floresta. Eles são movidos a gás hélio (que não é inflamável como o hidrogênio usado no passado).

O dirigível da Airship, chamado de ADB-3, tem 130 metros de comprimento por 35 metros de diâmetro. Segundo a empresa, ele voa a uma altitude de até 500 metros, atinge até 120 km/h, e tem capacidade de transporte de até 30 toneladas.

Como comparação, o Boeing 747-8 é menor (76,4 metros de comprimento), mas tem capacidade maior de transporte de cargas (até 135 toneladas) e voa a até 913 km/h.

O projeto de desenvolvimento e construção do dirigível conta com uma linha de financiamento do BNDES de R$ 102 milhões e é tocado em São Carlos, interior de São Paulo. A data de entrega dos dirigíveis não foi informada, nem o custo previsto de tonelada transportada.

A Airship informa que planeja, futuramente, produzir dirigíveis que comportem cargas maiores (até 200 toneladas) e possam transportar grãos pelo país. Poderiam, ainda, ser usados pelo governo no monitoramento de fronteiras.