A crise na saúde pública do Acre, pasta chefiada por um advogado, continua caminhando rumo a um destino incerto. Os vários casos de demoras em atendimentos e prováveis negligencias continuam tomando conta dos hospitais da capital e do interior do Acre. Pelo menos essa é a constatação de quem precisa utilizar os serviços do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), oferecido pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).
Um dos casos que comprovam os problemas é a história de uma criança que, segundo a mãe, aguarda na fila das cirurgias há pouco mais de 10 anos. Acometido por uma doença chamada Lipomielomeningocele, e portador de cauda presa, espinha bífida oculta e tumor medular, a criança é levada rotineiramente ao Hospital do Juruá, onde é acompanhada por médicos. Mas a cirurgia, que deveria ser feita para viabilizar a resolução do caso, ainda não teria sido segurada à criança.
O caso, que já foi retratado pelo ac24horas, em maio passado, ainda não avançou. A situação da criança, que tem apenas 11 anos, só piora dia após dia. Na época em que a denúncia foi veiculada pelo portal, a Sesacre até fez agendamentos e confirmou consultas, mas não passou disso. De lá para cá, populares do Vale do Juruá, solidários à situação, realizam até uma campanha, nas redes sociais, para arrecadar R$ 55 mil, valor necessário para a realização da cirurgia do menino.
Segundo a dona de casa, o filho, que estuda na rede pública de ensino, tem tido dificuldades até para estudar. “Eu sempre vou para o hospital com ele. Ele tem que ser medicado constantemente. Nós já fomos em Manaus [capital do Amazonas] e fizemos algumas avaliações lá. Acontece que a gente precisa agora da ressonância magnética, mas o pessoal do TFD não marca a data da viagem da consulta com o médico na Fundação”, relatou Thaiana de Souza Negreiros, de 25 anos, à época indignada.
Procurada novamente, a Secretaria afirmou que todos os procedimentos necessários para a prestação correta do atendimento, foram feitos. Contudo, a mãe do menor prefere realizar o tratamento em outro estado, mesmo que no Acre existam os serviços buscados no Amazonas. Em Nota, a pasta esclareceu o seguinte:
“No dia 04/11/2015, por meio de contato telefônico com médico assistente Dr. Bruno Lobo, fomos informados que o paciente estava com cirurgia marcada em Rio Branco. Porém a mãe decidiu realizar a cirurgia em Manaus. Foi solicitado relatório médico com essas informações. O mesmo se disponibilizou”, informou a Sesacre.
Thaiana Negreiros negou as informações. Segundo ela, o médico teria se negado a continuar o tratamento em Rio Branco. Agora, o filho está traumatizado com a situação e segundo conta, já não controla mais as necessidades fisiológicas e por isso precisa usar fraudas descartáveis 24 horas por dia.
“O médico daqui passou um exame que não tinha no Acre. Esse mesmo médico daqui do Acre não descobriu o tumor que o meu filho tinha. Só o médico lá de Manaus percebeu esse novo problema. Na verdade, nós só estamos tentando voltar para lá [Manaus], para dar continuidade a esse acompanhamento, porque o próprio médico pediu isso. O especialista de lá está estudando esse caso do meu filho”, completa a mulher.