A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) colocou mais fogo na polêmica sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em crianças e adolescentes para o tratamento da Covid-19.
De acordo com uma nota divulgada pela entidade, o uso destes medicamentos deve ser reservado apenas para pacientes em estudos clínicos controlados, com a anuência formal dos responsáveis.
A entidade afirma que a falta de embasamento impede que o médico receite a cloroquina de forma confortável e segura, com base numa avaliação equilibrada entre riscos e benefícios. Sem dados robustos e o devido respaldo técnico, a utilização de qualquer remédio torna-se uma espécie de experimentação, que pode trazer mais problemas do que melhorias à saúde”, destaca.
A SBP observou nenhum estudo clínico, randomizado e controlado com resultados consistentes e favoráveis à administração de cloroquina ou hidroxicloroquina, tanto para a população adulta quanto para a pediátrica.
O documento da SBP alerta ainda que algumas das pesquisas não permitiram resultados conclusivos, pois foram interrompidos devido ao aumento da mortalidade em decorrência do uso de altas doses desses medicamentos.
Entre os eventos adversos já conhecidos e relacionados ao uso da medicação, destacam-se: alterações gastrintestinais; distúrbios visuais; urticária; efeitos cardiovasculares, como hipotensão, vasodilatação, supressão da função miocárdica, arritmias cardíacas, cardiomiopatia e parada cardíaca; e efeitos no sistema nervoso central, como cefaleia, confusão, convulsões e coma; entre outros.
A SBP alerta que não há dados que amparem a segurança e a eficácia do uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em crianças com COVID-19, tanto em casos leves, moderados como graves. Sugerimos, portanto, até que tenhamos mais evidências, reservar o uso destes medicamentos apenas para crianças e adolescentes em estudos clínicos controlados, com a anuência dos seus pais e ou responsáveis.