Em cerca de 60 minutos de discurso, a acreana Marina Silva, que volta ao Ministério do Meio Ambiente depois de 14 anos – ela esteve à frente da Pasta entre 2003 e 2008 – afirmou que conceitos modernos como o da justiça climática e do racismo ambiental farão parte da agenda do governo para a área.
Ao abordar os desafios que tem pela frente, ela não deixou de usar como base as suas raízes no Acre, fazendo alusão ao simbolismo que o estado possui no que se refere aos enfrentamentos de questões que, na atualidade, não preocupam apenas o país, mas toda a comunidade internacional.
“Permita-me falar agora como uma simples cidadã, nascida numas das mais ricas e belas regiões do planeta, paradoxalmente assoladas pelas desigualdades sociais, pela violência contra os povos originários e tradicionais, pela destruição das florestas e contaminação de suas terras e rios”, disse em sua fala.
Em tom emocionado, Marina refletiu que os efeitos dos ataques contra a natureza, que resultam em desastres naturais, atingem primeiramente as populações mais vulneráveis. Nesse ponto, ela destacou a importância dos conceitos de justiça climática e do racismo ambiental.
“Alguém que conhece os rigores da natureza, ainda mais quando ela é agredida e devastada e sabe que esses rigores abatem em primeiro lugar aqueles que são mais vulneráveis. É por isso que conceitos modernos como o da justiça climática e do racismo ambiental farão parte também da agenda e dos paradigmas que orientarão nossas políticas”, afirmou.
Outros trechos do discurso de Marina:
“Não é fácil, é uma transição. Nós não vamos nos tornar agricultura de baixo carbono da noite para o dia. Não é mágica. Não vamos fazer a transição energética da noite para o dia. Não é mágica. Não vamos conseguir a reindustrialização de base sustentável da noite para o dia. Não é mágica! Mas vamos colocar as pilastras num trabalho conjunto, unidos, todos nós, com humildade, com sabedoria”.
“A sustentabilidade não é uma maneira só de fazer, é uma maneira de ser, é uma visão de mundo e um ideal de vida. E esses novos ideais identificatórios já estão tomando conta do mundo. Os nossos filhos, os nossos netos já nascerão sustentabilistas. Uns serão conservadores, outros progressistas, uns capitalistas, outros socialistas, mas todos serão sustentabilistas, porque sem a natureza a gente não vive!”.
Marina também lembrou que o acréscimo no nome da pasta ambiental, que agora se chama Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, não é apenas retórica. De acordo com ela, o combate às mudanças climáticas terão importância destacada em sua gestão à frente da pasta ambiental.
Entre as primeiras medidas nesse sentido, estão a retomada da Secretaria Nacional de Mudanças Climáticas, extinta durante o governo Bolsonaro, e a criação da Autoridade Nacional de Mudança Climática, no âmbito do MMA, que tem previsão para acontecer até o mês de março.