No Acre, a renda mensal das pessoas cuja moradia é assistida pelo saneamento básico é cerca de R$2.460,00 superior aos moradores que não tem o serviço. Enquanto as com saneamento tem renda de R$3.208,75, os que não tem ganham R$745,60 – três vezes e meio a menos, segundo o dashboard Painel do Saneamento, do Instituto Trata Brasil (acesse aqui https://www.painelsaneamento.org.br/localidade?id=12).
A frieza dos números do Trata Brasil retrata um universo paralelo entre os que tem e os que não tem saneamento básico no Acre -e não somente pela renda com também por questões como a escolaridade: enquanto os que tem saneamento estudaram em média 9,7 anos, os sem saneamento ficaram apenas 5,99 anos na educação formal -um abismo de três anos que fazem importante diferença ao longo da vida.
Com dados de 2020, o Trata Brasil diz que mais de 88% dos habitantes do Acre não tinham acesso ao sistema de tratamento de esgoto – e outros 52,8% estavam sem acesso à água tratada.
As informações disponíveis no Painel Saneamento Brasil são, segundo ITB, dados oficiais trabalhados pelas consultorias que contribuem com o projeto. “O Instituto Trata Brasil e seus consultores apenas reproduzem as bases de dados oficiais, nacionalmente utilizadas e reconhecidas (SNIS, IBGE, dataSUS). Para as informações novas e que envolvem cálculos, o Painel Saneamento Brasil oferece notas técnicas que detalham e dão transparência às metodologias adotadas”, diz o ITB.
Na Amazônia a precariedado no saneamento básico não é um drama só dos acreanos. Lançado em novembro de 2022, o estudo “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento no Brasil” feito pelo Trata Brasil, em parceria com a consultoria EX ANTE, realiza um balanço da evolução do setor dos serviços básicos entre 2005 e 2020, mostrando que apesar dos avanços no período, a universalização ainda está distante do desejado em vários estados e capitais. Entre as regiões do país, a Norte apresenta as maiores dificuldades em levar o acesso pleno de água e esgotamento sanitário para os habitantes.
Segundo o estudo, a região tinha os piores indicadores de saneamento básico no Brasil. Em 2020, 9 em cada 10 habitantes ainda não tinham coleta de esgoto em suas residências e quase metade da água potável produzida era desperdiçada.