Na China, ministro da agricultura defende Jorge Viana após críticas do agronegócio

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), defendeu o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana (PT), nesta 4ª feira (29.mar.2023) de críticas feitas por representantes do agronegócio. Viana havia atrelado o setor ao avanço do desmatamento no Brasil. Para o ministro, o posicionamento foi “favorável à produção sustentável”.

Fávaro usou o mesmo argumento que o presidente da ApexBrasil se valeu minutos antes ao dizer que sua fala foi distorcida por causa da distância entre a China e o Brasil. Ambos participam de uma série de compromissos em Pequim (China) com a presença in loco de grandes empresários do setor.

“Talvez, pela distância daqui de Pequim até o Brasil, a conversa chega distorcida. Todos sabem que o seu posicionamento foi favorável à produção sustentável, para o bem da agricultura e chegou distorcida lá. Mas estamos aqui como testemunhas do bom trabalho que você vem fazendo também em prol da agricultura”, disse Fávaro.

O ministro participa do seminário “Brazil-China Business”, organizado pelo Conselho Empresarial Brasil China, e que terá, ao longo desta 4ª feira, discursos de empresários brasileiros e chineses. O evento é realizado no Hotel St. Régis, o mesmo onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se hospedaria em Pequim.

O chefe do Executivo, no entanto, cancelou a viagem oficial ao país asiático depois de ser diagnosticado com pneumonia. Na última semana, o local centralizou eventos, palestras e encontros entre empresários brasileiros que já haviam chegado à China antes da decisão de Lula de permanecer em Brasília.

Pouco antes da fala de Fávaro, Viana se desculpou e disse que não queria “deixar um mal-entendido”.

“Queria fazer um breve e pequeno reparo. Sou engenheiro florestal de formação, fiz um histórico da situação nossa, especialmente da Amazônia onde vivo, porque o Brasil teve um aumento do desmatamento nos últimos 4 ou 5 anos. Mas o foco meu não era, de jeito nenhum, deixar algum mal-entendido como pode ter ocorrido. Estamos muito longe do Brasil, acho que daqui para lá as coisas não chegaram do jeito que eu falei”, disse o presidente da ApexBrasil.

Na 2ª feira, Viana ressaltou as questões ambientais brasileiras e disse ser preciso “parar de dizer fora do Brasil que o país não tem problema ambiental”.

“Nós temos, faz muito tempo”, afirmou ao discursar em um seminário organizado pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e o CCG (Centro para a China e Globalização) em Pequim.

Na ocasião, Viana afirmou que 84 milhões de hectares foram desmatados na Amazônia brasileira nos últimos 50 anos. Destes, 67 milhões foram destinados à pecuária e outros 6 milhões, à agricultura de grãos. O ministro disse que os dados têm como fonte estudos do Ministério da Agricultura, Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e MapBiomas.

A fala contrastou com outras, feitas no mesmo evento por líderes de empresas brasileiras que enfatizavam práticas sustentáveis. Dentre eles, estavam o CEO da JBS, Gilberto Xandó, o diretor para a Ásia e presidente para a China da Suzano, Pablo Gimenez Machado, e o vice-presidente da Vale, Alexandre D’Ambrosio.

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