Mulher que recebeu três diagnósticos errados morre no Hospital das Clínicas

Mais uma família sofre com os problemas na saúde pública do Acre. Mariselda Roque Crispim, mulher que recebeu três diagnósticos errados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do 2º Distrito e no Pronto Socorro da capital, não resistiu e acabou morrendo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas do Acre, no último final de semana. O motivo, segundo os médicos: leptospirose e insuficiência renal.

20150613072704Segundo contou o marido de Mariselda, Daniel Marques, a mulher estava sentido muitas dores no corpo e apresentava febre na quarta-feira, dia 2 de junho. Preocupado, o homem decidiu levar a esposa para à UPA do Tucumã. Lá, o primeiro diagnóstico médico apontou que Mariselda estava com Dengue e que era necessário apenas ingerir Dipirona, para minimizar as dores e a febre.

Sem melhorar, Daniel resolveu levar a esposa na UPA do 2º Distrito novamente. Lá, contou Daniel, ele ficou mais surpreso. “O médico disse que minha mulher só estava com uma infecção intestinal, ou era no estomago e que não precisava muita preocupação que a medicação ia ajudar. A gente voltou para casa” sem saber o que fazer, contou o esposo.unnamed (1)

Mesmo assim, Daniel diz que os diagnósticos não deixam a família satisfeita e que persistindo os sintomas, o casal resolveu voltar, no dia seguinte, à UPA, para ouvir outro médico. Lá, um dos profissionais avaliou a mulher e disse que poderia ser Leptospirose [doença causada por uma bactéria chamada Leptospirapresente na urina de ratos]. Depois disso, a encaminhou para o Pronto Socorro (PS) da capital, que fica no Bosque.

No PS, a situação se mostrou muito mais complicada. A mulher precisou ser internada na UTI da unidade de saúde e de lá, foi transferida para o HC, onde após três dias em coma, acabou morrendo. “Minha mulher morreu porque os médicos demoraram para descobrir o que ela tinha. Isso é um absurdo. Eles acabaram com a minha família. Minha mulher foi tratada como lixo. A gente ficou num corredor e ela estava morrendo, e eu não sabia. Eles preferiram ajudar uma pessoa com um corte na perna, que socorrer minha mulher”, desabafa Daniel Marques.

Segundo o serralheiro, a partir de agora, um advogado será procurado para acionar o Estado na Justiça. Além disso, Daniel diz que vai denunciar todos os médicos que prestaram atendimento à mulher dele. “Vou pegar todos os prontuários. Quero saber o que minha mulher realmente tinha. Depois disso, vou processar e denunciar todos os médicos que deixaram minha mulher morrendo, apenas passando dipirona para ela tomar. Foi essa demora que atrasou o tratamento da minha mulher”, ameaça o viúvo.

unnamedDaniel contou que chegou a pedir os prontuários, mas no Pronto Socorro, a orientação foi que “esperace uns 10 dias até eles localizarem para poder me dar uma cópia. Eu não sei por que. Eu pedi no dia que ela foi transferida e eles estavam com tudo na mão. Minha mulher tomou muito sangue. Muito sangue mesmo. agora, que quero que a justiça seja feita. Quero saber do que minha mulher realmente morreu”, completa.

Para supostamente tentar minimizar a gravidade do problema, a Sesacre informou que vai abrir “um processo administrativo para averiguar se houve erro” na hora de atender a mulher nos hospitais públicos da capital. A Sesacre confirmou a causa da morte. “Não vai adiantar nada eles falarem sempre a mesma coisa. Houve negligencia na hora de atender a minha mulher e eu quero saber quem será responsabilizado por isso, porque as três filhas dela estão sofrendo muito com dia. São crianças, adolescentes. As pessoas estão morrendo nos hospitais e ninguém faz nada para ajudar”, disse Daniel.