Fama de goleador, dificuldade com a balança, que é retratada nos seus 95 kg distribuídos em 1,78 m. As características são parecidas com o atacante Walter, do Atlético-PR, mas é de Antonio Silva, 31, ou melhor Tonho Cabañas, artilheiro do Campeonato Acreano. O duelo é manchete no O Estado de São Paulo de hoje.
O jogador, que também trabalha como frentista, é um dos destaques do Galvez, time criado por policiais militares em 2011 e rival do Santos na segunda fase da Copa do Brasil. O primeiro jogo entre as duas equipes será realizado nesta quarta-feira, 11, às 17h30, na Arena da Floresta, em Rio Branco, no Acre.
O clube ainda tem em seu elenco dois policiais militares (soldado R.Monteiro e o cabo Dieneton) e um agente de inspeção (Ciel), que trabalha em um frigorífico no estado.
O Cabañas acreano ganhou o apelido em razão de sua semelhança física com o atacante paraguaio, algoz do Flamengo e do próprio Santos na Libertadores 2008 pelo AméricaMEX.
“Ganhei esse apelido em 2012, quando estava sem clube e disputei um torneio de futsal aqui no Acre. Realmente estou acima do peso, mas já emagreci sete quilos desde o início da temporada. Se eu fechar o olho já engordo um pouquinho”, contou o jogador, que confessa que sua alimentação não é mais correta para um atleta profissional.
Mesmo fora do peso, o camisa nove é o goleador do Estadual. Em 12 jogos, marcou 11 gols e levou o seu time ao terceiro lugar da competição. O desempenho já garantiu ao atacante um acordo verbal com outro clube do Acre, o Atlético, que disputará a Série D do Campeonato Brasileiro.
O dia a dia de Tonho Cabañas não se resume apenas ao futebol. Com salário de R$ 1.400, o atacante trabalha como frentista para completar sua renda — recebe R$ 1.200. Ele acorda às 5 horas e fica até as 12h no posto de combustível. Os treinos no Galvez acontecem no período da tarde.
“O trabalho como frentista não atrapalha. Aviso a minha patroa com antecedência sobre os dias de jogos e ela me libera. Só tenho que pagar para um outro frentista para ficar no meu lugar”, contou o jogador, que está na função há dez anos.
“É puxado, mas não podemos depender apenas do futebol. Temos apenas uma competição por ano aqui no Estado e ainda com duração de quatro meses. Por isso, precisamos ter uma outra profissão”.
É exatamente na partida contra o Santos que Cabañas se apega para mudar de vida e viver apenas do futebol. “O jogo terá muita visibilidade e vejo como a partida mais importante da minha carreira. Tenho sonhos na vida. Quero fazer um contrato longo, jogar uma competição diferente”, completou.
GALVEZ
Fundado em nove de novembro de 2011, o Galvez foi criado para aproximar a Polícia Militar da sociedade. O nome do clube é em homenagem ao espanhol Luiz Rodríguez Galvéz de Arias, que proclamou a República do Acre no final do século XIX.
A diretoria da equipe é composta apenas por policiais militares. O presidente é o coronel Júlio Cesar dos Santos, comandantegeral da PM do Estado. Edemir Franco, diretor de futebol, é major da Polícia Militar e comandante do 5º Batalhão.
O Galvez foi formado com a intenção de utilizar apenas policiais militares, mas após uma campanha ruim no primeiro turno da segunda divisão do Campeonato Acreano de 2011, o time passou a contratar jogadores.
Atualmente, a folha salarial é de apenas R$ 45 mil. O clube não possui uma sede própria e nem centro de treinamento. Os troféus são guardados no Quartel da Polícia Militar na sala do comandante.
No duelo contra o Santos, a expectativa é que aproximadamente cinco mil torcedores compareçam no estádio Arena da Floresta. A equipe espera uma arrecadação de cerca de R$ 300 mil. “É o jogo da nossa vida por conta da projeção, da arrecadação. Nossa expectativa é ter uma boa renda para a aquisição de um centro de treinamento”, disse o major Edemir Franco.